The Fort Worth Press - Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?

USD -
AED 3.672997
AFN 72.999633
ALL 95.45032
AMD 398.089704
ANG 1.801972
AOA 913.500092
ARS 1040.745012
AUD 1.605805
AWG 1.8025
AZN 1.698484
BAM 1.898337
BBD 2.018811
BDT 121.736261
BGN 1.899295
BHD 0.376893
BIF 2926
BMD 1
BND 1.367325
BOB 6.908869
BRL 6.010199
BSD 0.999845
BTN 86.411329
BWP 14.033146
BYN 3.272087
BYR 19600
BZD 2.008425
CAD 1.433125
CDF 2833.000379
CHF 0.912705
CLF 0.036458
CLP 1005.990116
CNY 7.331195
CNH 7.34828
COP 4302
CRC 502.397453
CUC 1
CUP 26.5
CVE 107.450396
CZK 24.507299
DJF 177.719688
DKK 7.247795
DOP 61.697502
DZD 135.72196
EGP 50.434977
ERN 15
ETB 125.999802
EUR 0.97146
FJD 2.323995
FKP 0.823587
GBP 0.81687
GEL 2.840105
GGP 0.823587
GHS 14.849818
GIP 0.823587
GMD 71.499549
GNF 8655.000198
GTQ 7.71844
GYD 209.090821
HKD 7.78695
HNL 25.460477
HRK 7.379548
HTG 130.588395
HUF 399.656042
IDR 16355.15
ILS 3.60715
IMP 0.823587
INR 86.431197
IQD 1310
IRR 42100.000282
ISK 140.590285
JEP 0.823587
JMD 156.289128
JOD 0.709399
JPY 156.514974
KES 129.512855
KGS 87.449299
KHR 4029.99993
KMF 478.450385
KPW 900.000111
KRW 1455.604974
KWD 0.308502
KYD 0.833176
KZT 530.254499
LAK 21810.000295
LBP 89599.999672
LKR 295.58558
LRD 189.724987
LSL 18.939592
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 4.954984
MAD 10.072976
MDL 18.777511
MGA 4710.000181
MKD 59.760124
MMK 3247.960992
MNT 3398.000107
MOP 8.020383
MRU 39.879792
MUR 46.880358
MVR 15.394981
MWK 1735.999773
MXN 20.46203
MYR 4.499056
MZN 63.909662
NAD 18.849647
NGN 1555.49594
NIO 36.710292
NOK 11.320545
NPR 138.259274
NZD 1.780005
OMR 0.385006
PAB 0.999835
PEN 3.766497
PGK 3.985496
PHP 58.412004
PKR 278.575018
PLN 4.134685
PYG 7889.155808
QAR 3.64075
RON 4.832501
RSD 113.771001
RUB 102.498992
RWF 1385
SAR 3.752762
SBD 8.468008
SCR 15.10363
SDG 601.000288
SEK 11.15108
SGD 1.36713
SHP 0.823587
SLE 22.779943
SLL 20969.49992
SOS 571.499903
SRD 35.10498
STD 20697.981008
SVC 8.748192
SYP 13001.999985
SZL 18.849569
THB 34.560216
TJS 10.9283
TMT 3.51
TND 3.208503
TOP 2.342102
TRY 35.46228
TTD 6.79246
TWD 32.925494
TZS 2520.000177
UAH 42.268942
UGX 3693.242482
UYU 44.085959
UZS 12987.473613
VES 54.29885
VND 25385
VUV 118.722008
WST 2.800827
XAF 636.684558
XAG 0.032539
XAU 0.000371
XCD 2.70255
XDR 0.770679
XOF 636.500812
XPF 118.99999
YER 249.097614
ZAR 18.76238
ZMK 9001.204736
ZMW 27.77039
ZWL 321.999592
Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?
Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira? / foto: © AFP

Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?

Com a ajuda de um tubo metálico, um operário insere uma muda no solo. Dois passos adiante, ele coloca outra.

Tamanho do texto:

Na Amazônia Legal, parte da floresta tropical que se estende pelo território do Brasil, uma empresa recente de créditos de carbono com contratos valiosos com as gigantes Google e Microsoft, e apoiada pelo governo dos Estados Unidos pretende repetir este gesto milhões de vezes.

O objetivo da empresa brasileira Mombak é replicar em escala industrial a biodiversidade da maior floresta tropical do planeta, estratégica para combater as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, vítima do desmatamento.

O momento não podia ser mais propício, pois o Brasil abriu a porta da frente para o mercado de carbono e o setor precisa recuperar credibilidade, após anos de escândalos e fiascos.

- Oportunidade de ouro -

"A gente identificou uma grande oportunidade no mercado, que é a meta global de reduzir as emissões nos próximos anos", afirma o cofundador da Mombak, Gabriel Silva, na fazenda Turmalina, em Mãe do Rio, Pará, a primeira comprada pela empresa para reflorestar.

"A Amazônia é o melhor lugar para você fazer reflorestamento do mundo", onde desde 2015 desapareceram 60 milhões de hectares, ressalta.

O mercado de carbono se baseia na venda de créditos a empresas poluidoras, que em troca financiam o reflorestamento. Em outras palavras, elas compensam o CO2 emitido por suas atividades com o que a natureza absorve e armazena nas árvores através da fotossíntese.

Mas isto tem gerado críticas de "greenwashing" (maquiagem verde), pois as empresas são condenadas por não concentrarem seus esforços na redução de suas emissões.

Além disso, até agora, a maioria destes projetos se mostrou ineficaz, principalmente porque apostaram na monocultura, especialmente do eucalipto, que dá origem a florestas que com o tempo adoecem e se fragilizam.

- Simular a natureza -

Nesta fazenda de 3 mil hectares, ao leste de Belém, foram plantadas mais de três milhões de mudas em apenas 18 meses, reunindo mais de 120 espécies nativas.

"O que a gente quer nada mais é do que simular a natureza" para produzir uma floresta "resiliente" com "autogerenciamento por 100 anos", assegura o biólogo encarregado do projeto, Severino Ribeiro.

Em primeiro lugar, foram plantadas árvores capazes de crescer sob o sol inclemente da Amazônia e depois, as espécies suscetíveis de se desenvolver sob sua sombra. Algumas já subiram vários metros, outras estão começando a crescer.

Entre os novos seres vivos desta antiga área degradada, há 300 mil exemplares de "seis espécies em risco de extinção", segundo a lista vermelha da organização internacional UICN, como o ipê-amarelo e o cedro-rosa, segundo Ribeiro.

- Trinta milhões de árvores -

A fazenda Turmalina foi a primeira das nove que a Mombak comprou no Pará desde 2021.

A empresa planeja plantar nelas pelo menos 30 milhões de árvores até 2032, cobrindo uma superfície cinco vezes maior à de Manhattan.

Para financiar seu projeto, a Mombak contou com investimentos privados e apoio de entidades como o Banco Mundial e o governo americano anunciou um crédito de US$ 37,5 milhões (R$ 227,7 milhões) durante a visita do presidente Joe Biden à Amazônia em novembro.

Com a Microsoft, a Google e também a McLaren Racing, a empresa assinou contratos por um número fixo de toneladas e um ano de entrega.

No caso da Microsoft, são 1,5 milhão de toneladas de CO2 a serem compensadas, um dos maiores acordos de remoção do mundo, segundo a Mombak.

Os montantes destes contratos não foram divulgados, mas a Mombak admite que não vende barato: estes projetos precisam de "capital intensivo" e, por isso, "só podem existir em um cenário em que o preço do crédito de carbono (...) seja elevado".

Enquanto isso, o projeto deve ser validado em definitivo segundo a nova metodologia da Verra, uma das principais certificadoras privadas de créditos de carbono, que precisou reforçar seus padrões para torná-los mais confiáveis.

Estudos independentes mostraram que os projetos validados por seus métodos antigos não recuperavam nada ou apenas um pouco de carbono em relação ao prometido.

- A terra, uma questão sensível -

Embora seja "prudente" frente à juventude da Mombak, a professora Lise Vieira da Costa, do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará, vê aspectos animadores.

"O fato que esteja fazendo um reflorestamento biodiverso é positivo porque a grande preocupação que a gente tem em relação as projetos implementados na Amazônia é que são áreas de monocultura", corrobora.

"Outro ponto é que eles estão adquirindo a titularidade das áreas. Neste caso você tem uma tendência a ter menos conflito com comunidades", acrescenta.

A propriedade de terra é um dos grandes desafios na Amazônia, pois há na região um limbo legal do qual se aproveitam agricultores, pecuaristas, garimpeiros ou grileiros.

Isto gera conflitos com as comunidades locais, especialmente com povos indígenas, que dependem dos recursos naturais para sobreviver.

E com o mercado de créditos de carbono, também há antecedentes, com vários casos denunciados na justiça do Pará por apropriação indevida de terras.

- Alerta para a população local -

"A gente quer, por enquanto, áreas particulares de fazendeiros. Eles já estão lá há décadas e aí é mais fácil controlar tudo a partir de documentação", explica Silva.

No entanto, ele admite o interesse da Mombak em participar da primeira licitação do governo do Pará para reflorestar uma área pública degradada de mais de 10 mil hectares no sudeste do estado.

"O Brasil não cumprirá as suas metas apenas reduzindo o desmatamento. Precisa restaurar as áreas e fazer as concessões de restauro" de terras, afirmou o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), que se prepara para receber, em novembro, a COP30, a conferência climática da ONU, em Belém.

Mas algumas vozes alertam para o risco de que esta nova política de concessão de terras prejudique ainda mais as populações locais.

"Seria justo e necessário que os recursos para reflorestamento se dirijam para os povos da floresta, comunidades quilombolas, povos indígenas. Eles têm o conhecimento natural de como fazer isso e precisam de apoio", defende o especialista em Ciências Florestais Carlos Augusto Pantoja.

"Se o capital é o grande responsável por nos colocar nessa crise climática, não creio que sejam eles que vão resolver", afirma.

F.Carrillo--TFWP