The Fort Worth Press - Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?

USD -
AED 3.672988
AFN 71.999841
ALL 86.494026
AMD 389.459886
ANG 1.80229
AOA 915.000089
ARS 1194.989543
AUD 1.540927
AWG 1.8
AZN 1.700677
BAM 1.726473
BBD 2.018715
BDT 121.474537
BGN 1.72344
BHD 0.376933
BIF 2932.5
BMD 1
BND 1.289653
BOB 6.934176
BRL 5.698902
BSD 0.999823
BTN 84.340062
BWP 13.557616
BYN 3.272024
BYR 19600
BZD 2.008395
CAD 1.37781
CDF 2870.999677
CHF 0.822425
CLF 0.02447
CLP 939.039744
CNY 7.21705
CNH 7.21084
COP 4304.65
CRC 505.826271
CUC 1
CUP 26.5
CVE 97.335876
CZK 21.964995
DJF 177.720455
DKK 6.570097
DOP 58.843781
DZD 132.489054
EGP 50.659298
ERN 15
ETB 133.474636
EUR 0.88053
FJD 2.251802
FKP 0.752905
GBP 0.74836
GEL 2.740292
GGP 0.752905
GHS 13.47287
GIP 0.752905
GMD 71.507153
GNF 8659.728291
GTQ 7.696959
GYD 209.181714
HKD 7.751395
HNL 25.965061
HRK 6.631301
HTG 130.677931
HUF 356.434029
IDR 16427.6
ILS 3.613151
IMP 0.752905
INR 84.34895
IQD 1309.728732
IRR 42100.000065
ISK 129.179702
JEP 0.752905
JMD 158.432536
JOD 0.709197
JPY 142.620981
KES 129.150018
KGS 87.450476
KHR 4004.290311
KMF 434.501049
KPW 899.982826
KRW 1377.920107
KWD 0.30646
KYD 0.833249
KZT 514.459746
LAK 21619.092598
LBP 89535.534415
LKR 299.447821
LRD 199.965572
LSL 18.253685
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 5.476767
MAD 9.236969
MDL 17.131961
MGA 4403.268023
MKD 54.146223
MMK 2099.669739
MNT 3574.896063
MOP 7.980791
MRU 39.562865
MUR 45.389943
MVR 15.395196
MWK 1733.676437
MXN 19.67197
MYR 4.232503
MZN 63.950245
NAD 18.252959
NGN 1606.449991
NIO 36.794273
NOK 10.28554
NPR 134.943503
NZD 1.666625
OMR 0.384995
PAB 0.999828
PEN 3.66442
PGK 4.086227
PHP 55.410501
PKR 281.254077
PLN 3.766332
PYG 8004.731513
QAR 3.648626
RON 4.485497
RSD 103.146038
RUB 81.505819
RWF 1419.762623
SAR 3.751028
SBD 8.368347
SCR 14.801452
SDG 600.486468
SEK 9.57436
SGD 1.28825
SHP 0.785843
SLE 22.749772
SLL 20969.483762
SOS 571.41596
SRD 36.849583
STD 20697.981008
SVC 8.748003
SYP 13001.95156
SZL 18.255891
THB 32.649711
TJS 10.373192
TMT 3.5
TND 2.999598
TOP 2.342102
TRY 38.59913
TTD 6.77616
TWD 29.939883
TZS 2697.510487
UAH 41.425368
UGX 3657.212468
UYU 41.939955
UZS 12935.973376
VES 88.61243
VND 25963.5
VUV 120.703683
WST 2.766267
XAF 579.065754
XAG 0.030181
XAU 0.000293
XCD 2.70255
XDR 0.72166
XOF 579.065754
XPF 105.276167
YER 244.549593
ZAR 18.17305
ZMK 9001.19346
ZMW 27.020776
ZWL 321.999592
Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?
Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira? / foto: © AFP

Mercado de carbono, o novo El Dorado da Amazônia brasileira?

Com a ajuda de um tubo metálico, um operário insere uma muda no solo. Dois passos adiante, ele coloca outra.

Tamanho do texto:

Na Amazônia Legal, parte da floresta tropical que se estende pelo território do Brasil, uma empresa recente de créditos de carbono com contratos valiosos com as gigantes Google e Microsoft, e apoiada pelo governo dos Estados Unidos pretende repetir este gesto milhões de vezes.

O objetivo da empresa brasileira Mombak é replicar em escala industrial a biodiversidade da maior floresta tropical do planeta, estratégica para combater as mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, vítima do desmatamento.

O momento não podia ser mais propício, pois o Brasil abriu a porta da frente para o mercado de carbono e o setor precisa recuperar credibilidade, após anos de escândalos e fiascos.

- Oportunidade de ouro -

"A gente identificou uma grande oportunidade no mercado, que é a meta global de reduzir as emissões nos próximos anos", afirma o cofundador da Mombak, Gabriel Silva, na fazenda Turmalina, em Mãe do Rio, Pará, a primeira comprada pela empresa para reflorestar.

"A Amazônia é o melhor lugar para você fazer reflorestamento do mundo", onde desde 2015 desapareceram 60 milhões de hectares, ressalta.

O mercado de carbono se baseia na venda de créditos a empresas poluidoras, que em troca financiam o reflorestamento. Em outras palavras, elas compensam o CO2 emitido por suas atividades com o que a natureza absorve e armazena nas árvores através da fotossíntese.

Mas isto tem gerado críticas de "greenwashing" (maquiagem verde), pois as empresas são condenadas por não concentrarem seus esforços na redução de suas emissões.

Além disso, até agora, a maioria destes projetos se mostrou ineficaz, principalmente porque apostaram na monocultura, especialmente do eucalipto, que dá origem a florestas que com o tempo adoecem e se fragilizam.

- Simular a natureza -

Nesta fazenda de 3 mil hectares, ao leste de Belém, foram plantadas mais de três milhões de mudas em apenas 18 meses, reunindo mais de 120 espécies nativas.

"O que a gente quer nada mais é do que simular a natureza" para produzir uma floresta "resiliente" com "autogerenciamento por 100 anos", assegura o biólogo encarregado do projeto, Severino Ribeiro.

Em primeiro lugar, foram plantadas árvores capazes de crescer sob o sol inclemente da Amazônia e depois, as espécies suscetíveis de se desenvolver sob sua sombra. Algumas já subiram vários metros, outras estão começando a crescer.

Entre os novos seres vivos desta antiga área degradada, há 300 mil exemplares de "seis espécies em risco de extinção", segundo a lista vermelha da organização internacional UICN, como o ipê-amarelo e o cedro-rosa, segundo Ribeiro.

- Trinta milhões de árvores -

A fazenda Turmalina foi a primeira das nove que a Mombak comprou no Pará desde 2021.

A empresa planeja plantar nelas pelo menos 30 milhões de árvores até 2032, cobrindo uma superfície cinco vezes maior à de Manhattan.

Para financiar seu projeto, a Mombak contou com investimentos privados e apoio de entidades como o Banco Mundial e o governo americano anunciou um crédito de US$ 37,5 milhões (R$ 227,7 milhões) durante a visita do presidente Joe Biden à Amazônia em novembro.

Com a Microsoft, a Google e também a McLaren Racing, a empresa assinou contratos por um número fixo de toneladas e um ano de entrega.

No caso da Microsoft, são 1,5 milhão de toneladas de CO2 a serem compensadas, um dos maiores acordos de remoção do mundo, segundo a Mombak.

Os montantes destes contratos não foram divulgados, mas a Mombak admite que não vende barato: estes projetos precisam de "capital intensivo" e, por isso, "só podem existir em um cenário em que o preço do crédito de carbono (...) seja elevado".

Enquanto isso, o projeto deve ser validado em definitivo segundo a nova metodologia da Verra, uma das principais certificadoras privadas de créditos de carbono, que precisou reforçar seus padrões para torná-los mais confiáveis.

Estudos independentes mostraram que os projetos validados por seus métodos antigos não recuperavam nada ou apenas um pouco de carbono em relação ao prometido.

- A terra, uma questão sensível -

Embora seja "prudente" frente à juventude da Mombak, a professora Lise Vieira da Costa, do Instituto de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará, vê aspectos animadores.

"O fato que esteja fazendo um reflorestamento biodiverso é positivo porque a grande preocupação que a gente tem em relação as projetos implementados na Amazônia é que são áreas de monocultura", corrobora.

"Outro ponto é que eles estão adquirindo a titularidade das áreas. Neste caso você tem uma tendência a ter menos conflito com comunidades", acrescenta.

A propriedade de terra é um dos grandes desafios na Amazônia, pois há na região um limbo legal do qual se aproveitam agricultores, pecuaristas, garimpeiros ou grileiros.

Isto gera conflitos com as comunidades locais, especialmente com povos indígenas, que dependem dos recursos naturais para sobreviver.

E com o mercado de créditos de carbono, também há antecedentes, com vários casos denunciados na justiça do Pará por apropriação indevida de terras.

- Alerta para a população local -

"A gente quer, por enquanto, áreas particulares de fazendeiros. Eles já estão lá há décadas e aí é mais fácil controlar tudo a partir de documentação", explica Silva.

No entanto, ele admite o interesse da Mombak em participar da primeira licitação do governo do Pará para reflorestar uma área pública degradada de mais de 10 mil hectares no sudeste do estado.

"O Brasil não cumprirá as suas metas apenas reduzindo o desmatamento. Precisa restaurar as áreas e fazer as concessões de restauro" de terras, afirmou o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), que se prepara para receber, em novembro, a COP30, a conferência climática da ONU, em Belém.

Mas algumas vozes alertam para o risco de que esta nova política de concessão de terras prejudique ainda mais as populações locais.

"Seria justo e necessário que os recursos para reflorestamento se dirijam para os povos da floresta, comunidades quilombolas, povos indígenas. Eles têm o conhecimento natural de como fazer isso e precisam de apoio", defende o especialista em Ciências Florestais Carlos Augusto Pantoja.

"Se o capital é o grande responsável por nos colocar nessa crise climática, não creio que sejam eles que vão resolver", afirma.

F.Carrillo--TFWP