'A luta vai continuar', diz ex-presidente Evo Morales sobre bloqueio de vias na Bolívia
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, advertiu neste sábado (26) que os bloqueios promovidos por seus simpatizantes em diversas vias do país vão continuar depois de quase duas semanas de mobilizações, com enfrentamentos entre policiais e camponeses que deixaram mais de dez feridos.
"O povo são e honesto não se vende, nem se rende. A luta [bloqueios e protestos] vai continuar, o povo não se rende", disse Morales à rádio Kawsachun Coca.
"Lucho [o presidente Luis Arce] deve respeitar o povo e resolver os problemas econômicos que o povo boliviano tanto está sofrendo neste momento", indicou o ex-mandatário, que governou entre 2006 e 2019.
Os enfrentamentos entre policiais e camponeses pró-Morales durante a tentativa de desbloqueio de vias deixaram um saldo de 14 agentes feridos e 44 civis detidos na sexta-feira.
Os choques mais violentos ocorreram em Parotani, um setor no meio da rota que liga Cochabamba a La Paz, a sede de governo.
O presidente Arce destacou o trabalho da polícia para liberar "pelo menos 12 pontos" de bloqueio e garantiu, em referência a Morales, que "não permitirá que o interesse de uma pessoa se sobreponha ao bem-estar coletivo".
"Nosso governo continuará executando ações para defender a segurança de todos os bolivianos, restabelecer o direito constitucional ao trânsito livre", afirmou Arce na rede social X.
O governo mobilizou mais de 1.700 efetivos policiais e 113 veículos para desbloquear as vias.
Segundo um relatório da Administradora Boliviana de Rodovias (ABC, na sigla em espanhol), há 16 pontos de bloqueio no país, a maioria concentrados no departamento de Cochabamba, reduto de Morales.
As interdições nas estradas acentuaram a escassez de combustível e geraram longas filas de veículos nos postos de gasolina das cidades. Além disso, os preços dos produtos básicos dispararam nos mercados.
Os bloqueios de vias começaram em 14 de outubro por parte de camponeses que reivindicam o "fim da perseguição judicial" contra Morales, investigado pelo suposto abuso de uma menor de idade quando era presidente.
C.M.Harper--TFWP