The Fort Worth Press - Apoiado pelos Brics, Putin mostra força ao Ocidente antes de cúpula crucial

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Apoiado pelos Brics, Putin mostra força ao Ocidente antes de cúpula crucial
Apoiado pelos Brics, Putin mostra força ao Ocidente antes de cúpula crucial / foto: © POOL/AFP

Apoiado pelos Brics, Putin mostra força ao Ocidente antes de cúpula crucial

O presidente russo, Vladimir Putin, manteve nesta terça-feira (22) reuniões com os líderes de Índia, China e África do Sul, no contexto de uma cúpula dos Brics que lhe permite reafirmar sua força frente às potências ocidentais, que por sua vez tentam isolá-lo pela invasão à Ucrânia.

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O presidente chinês, Xi Jinping, destacou "a profunda amizade" com a Rússia no momento em que o mundo atravessa uma situação "caótica". Já Putin defendeu reforçar as relações bilaterais com Pequim "ainda mais (...) para garantir a segurança global e uma ordem mundial justa".

Pouco antes, o presidente russo havia elogiado, diante do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, as excelentes relações entre seus países, tanto diplomáticas quanto comerciais.

Com essa cúpula dos Brics — grupo de países emergentes —, realizada na cidade russa de Kazan, Putin aspira a demonstrar o fracasso da política ocidental de isolamento e sanções contra Moscou pelo conflito na Ucrânia.

A Rússia ganha terreno militarmente na ex-república soviética e estabeleceu alianças com China, Irã e Coreia do Norte, os maiores adversários dos Estados Unidos.

"Acreditamos que as disputas devem ser resolvidas pacificamente. Apoiamos totalmente os esforços para restaurar rapidamente a paz e a estabilidade", declarou Modi diante do presidente russo.

Desde o início do conflito na Ucrânia, a Índia tenta manter um delicado equilíbrio entre as relações historicamente fortes com Moscou e seu desejo de se aproximar do Ocidente para contrapor a influência da China, seu principal rival regional.

Modi se absteve de condenar a ofensiva russa iniciada em fevereiro de 2022 na Ucrânia, defendeu o diálogo e até se ofereceu como mediador.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que também instou pelo fim do conflito, qualificou Moscou como um "aliado valioso" e amigo em sua reunião com Putin.

A Ucrânia estará na agenda da cúpula na quinta-feira, com uma reunião entre Putin e António Guterres, o secretário-geral da ONU, anunciada pelo Kremlin, mas não confirmada pela ONU.

Segundo o Kremlin, a cúpula dos Brics, uma organização de países emergentes, é "o evento diplomático mais importante já organizado na Rússia".

A Rússia ganha terreno militarmente na Ucrânia e forjou alianças com a China, o Irã e a Coreia do Norte, os maiores adversários dos Estados Unidos.

- Contra a hegemonia do dólar -

Putin iniciou sua maratona diplomática nesta terça-feira com uma entrevista com a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como banco dos Brics.

O presidente russo reiterou o desejo de "um aumento dos pagamentos em moedas nacionais" entre os países dos Brics, o que segundo ele "reduzirá os riscos políticos externos".

A Rússia, sujeita às sanções econômicas ocidentais e com os seus principais bancos excluídos da plataforma internacional de pagamentos Swift, defende a criação de um sistema alternativo à hegemonia do dólar.

O chefe de Estado russo manterá conversações na quarta-feira com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo país, membro da Otan, pediu para aderir aos Brics, e com o presidente iraniano, Masud Pezeshkian.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, cancelou sua viagem e participará por videoconferência.

Putin também concederá uma coletiva de imprensa na quinta-feira, no final da reunião.

O presidente russo limitou os seus deslocamentos ao exterior desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra ele em março de 2023 por seu suposto envolvimento na deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia, o que Moscou nega.

Portanto, o Kremlin considera "crucial" demonstrar que "existe uma alternativa às pressões ocidentais (…) e que o mundo multipolar é uma realidade", segundo o analista político russo Konstantin Kalachev.

Apesar da anexação da Crimeia em 2014 e de outras regiões ucranianas que reivindica como suas, a Rússia apresenta a sua ofensiva como um conflito provocado pelas ambições hegemônicas dos Estados Unidos.

No entanto, as potências ocidentais e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acreditam que o Kremlin deseja dominar os seus vizinhos, que estiveram na esfera de Moscou até o final da Guerra Fria.

O grupo dos Brics foi criado em 2009 com quatro membros (Brasil, China, Índia e Rússia) e em 2010 incorporou a África do Sul. Em 2024, outros quatro países aderiram ao bloco (Etiópia, Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos).

B.Martinez--TFWP