The Fort Worth Press - Israel volta a bombardear o Líbano, 'à beira do abismo', segundo a ONU

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Israel volta a bombardear o Líbano, 'à beira do abismo', segundo a ONU
Israel volta a bombardear o Líbano, 'à beira do abismo', segundo a ONU / foto: © AFP

Israel volta a bombardear o Líbano, 'à beira do abismo', segundo a ONU

Israel voltou a bombardear posições do Hezbollah no Líbano, nesta terça-feira (24), após os ataques que mataram centenas de pessoas e provocaram o êxodo de outros milhares na véspera, aumentando os temores de conflagração regional, quase um ano após o início da guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.

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"O Líbano está à beira do abismo", declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, na Assembleia Geral da organização, que ocorre em plena escalada entre Israel e o movimento islamista libanês pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas.

"Gaza é um pesadelo permanente, que ameaça arrastar toda a região para o caos, a começar pelo Líbano", advertiu Guterres, que pediu um cessar-fogo imediato no território palestino.

Uma fonte próxima ao Hezbollah anunciou a morte de um de seus comandantes, Ibrahim Kobeisi, em um bombardeio israelense que, segundo o Ministério da Saúde libanês, matou seis pessoas e feriu 15 no subúrbio sul de Beirute, um reduto da poderosa formação islamista.

O Exército israelense havia indicado pouco antes que "aviões de combate da Força Aérea eliminaram nesta terça-feira, no subúrbio de Dahieh, Ibrahim Mohamed Kobeisi, comandante do sistema de mísseis e foguetes da organização terrorista Hezbollah".

"O pesadelo de que o senhor fala é uma realidade", disse o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, dirigindo-se ao secretário-geral da ONU, António Guterres.

"A realidade é que o Hezbollah fez o Líbano refém e a ONU não reconhece as ações" do Hezbollah, "nem cumpre com sua obrigação" de exigir a aplicação da resolução 1701" do Conselho de Segurança, que pôs fim à guerra entre Israel e o movimento islamista libanês em 2006, acrescentou.

- 'Bombardeios em massa' -

Israel anunciou que havia lançado uma nova onda de "bombardeios maciços" contra posições do Hezbollah após ter relatado ataques contra "dezenas de alvos" deste movimento no sul do Líbano.

"Continuaremos atingindo o Hezbollah (...) E digo ao povo libanês: nossa guerra não é contra vocês, nossa guerra é contra o Hezbollah", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um vídeo divulgado por seu gabinete.

Segundo o exército israelense, o Hezbollah disparou "aproximadamente 300 foguetes contra Israel , que feriram seis civis e soldados, a maioria levemente".

O Hezbollah indicou, por sua vez, que havia lançado um total de 90 foguetes contra uma base militar perto de Safed, sede do comando norte do Exército israelense.

O grupo islamista havia reivindicado anteriormente os disparos de mísseis Fadi 2 em direção a Israel que, segundo afirmou, atingiram posições militares perto de Haifa, no norte do país, incluindo uma "fábrica de explosivos", além da cidade de Kiryat Shmona.

Escolas, universidades e comércios permaneceram fechados em Haifa, indicou uma jornalista da AFP.

Os confrontos de artilharia entre Israel e Hezbollah ocorrem quase que diariamente desde o início, em outubro de 2023, da guerra na Faixa de Gaza entre os israelenses e o Hamas.

Os bombardeios de segunda-feira, de uma intensidade sem precedentes, miraram cerca de 1.600 alvos do Hezbollah no sul do Líbano e no Vale do Beca, no norte.

Pelo menos 558 pessoas morreram nestes ataques, entre elas 50 crianças e 94 mulheres, e 1.835 pessoas ficaram feridas, indicou nesta terça-feira o Ministério da Saúde libanês.

Dezenas de milhares de libaneses fugiram das áreas bombardeadas desde segunda-feira, segundo a ONU, e se dirigiram a Sidon, a maior cidade do sul, ou a Beirute.

As escolas e universidades libanesas permanecerão fechadas até o fim de semana, e várias companhias aéreas suspenderam seus voos para Beirute e, em alguns casos para Tel Aviv, como fizeram British Airways, Delta e Lufthansa.

- 'Dia de terror' -

“Foi um dia de terror”, disse à AFP Thuraya Harb, uma refugiada libanesa de 41 anos perto de Beirute, após uma viagem de oito horas saindo do sul. “Eu não queria ir embora, mas as crianças ficaram com medo e saímos com o que vestíamos”, acrescentou.

O diretor de um centro de saúde em Saksakiye, perto de Sidon, descreveu cenas de horror.

Houve “muitos mortos: crianças, mulheres, pessoas com membros, narizes ou mãos arrancados, com crânios partidos” e pessoas que chegaram “dilaceradas”, descreveu o médico Musa Yusef, sublinhando que “90% dos feridos” eram “crianças”.

Israel afirmou há poucos dias que o centro de gravidade da guerra em Gaza iria se deslocar para o norte, para permitir o regresso às suas casas das pessoas evacuadas no norte do país após o início dos confrontos com o Hezbollah.

O grupo libanês prometeu que continuará atacando Israel “até o fim da agressão em Gaza”.

O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, assegurou que seu país "não deseja" invadir o Líbano. "Não queremos enviar nossos rapazes para lutar em um país estrangeiro, mas estamos decididos a proteger os civis de Israel", afirmou.

- Solução diplomática -

"Uma guerra em grande escala não beneficia ninguém. Embora a situação tenha se agravado, ainda é possível uma solução diplomática", assegurou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU.

 

A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque de milicianos islamistas do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, em uma incursão fatal que deixou 1.205 mortos, em sua maioria civis, segundo um relato da AFP baseado em dados oficiais israelenses. Este balanço inclui os reféns mortos ou abatidos durante seu cativeiro em Gaza.

Dos 251 sequestrados durante o ataque islamista, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, embora 33 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército israelense.

A ofensiva israelense causou a morte de pelo menos 41.467 palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde deste território governado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

O Hamas pediu hoje uma "ação imediata" da ONU para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza, e ressaltou seu repúdio a novas operações, alegando que elas dariam a Israel "uma cobertura para continuar com sua agressão".

C.M.Harper--TFWP