Israel prossegue com bombardeios em Gaza enquanto Netanyahu quer aumentar a 'pressão' contra Hamas
Israel prosseguiu nesta quarta-feira (17) com seus ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometer "aumentar ainda mais a pressão" militar sobre o Hamas, após mais de nove meses de guerra.
As negociações indiretas para um cessar-fogo e a libertação dos reféns nas mãos do Hamas continuam paralisadas desde que o movimento islamista palestino se retirou no domingo, conforme relatado por um líder, que denunciou os "massacres" israelenses "contra civis desarmados".
Entretanto, o dirigente afirmou estar "disposto" a retomar as negociações quando Israel "demonstrar seriedade para concluir um acordo de cessar-fogo".
O Exército israelense afirmou ter realizado 25 bombardeios em 24 horas contra "estruturas militares, infraestrutura terrorista e células terroristas".
Netanyahu, que repetidamente prometeu destruir o Hamas, insistiu na terça-feira que "o Hamas está sob pressão", sendo este "exatamente o momento de aumentar ainda mais a pressão".
"Temos eles agarrados pela garganta. Estamos a caminho da vitória absoluta", enfatizou perante o Parlamento.
Dois palestinos morreram nesta quarta-feira em bombardeios israelenses em Rafah, cidade no sul, segundo fontes médicas.
Outras nove pessoas foram mortas por um ataque com drone na Cidade de Gaza, no norte, conforme relatado pela Defesa Civil do território palestino.
- Israel "não quer chegar a um acordo" -
Na terça-feira, cinco bombardeios, incluindo um contra uma escola que abrigava deslocados no campo de Nuseirat, resultaram em 57 mortes, de acordo com autoridades locais.
O Exército israelense confirmou ter bombardeado "terroristas ativos em uma escola da UNRWA [agência da ONU para refugiados palestinos] na região de Nuseirat".
Em frente ao hospital Mártires de Al Aqsa, em Deir al Balah (centro), Meqdad, um deslocado, chorava a morte de seu filho de 18 meses em um bombardeio em Nuseirat.
Pelo menos 90% dos habitantes de Gaza foram obrigados a se deslocar pelo menos uma vez desde o início da guerra em 7 de outubro, segundo a ONU. Muitos deles se refugiam em escolas administradas pela organização, mas sete delas foram alvo de bombardeios israelenses desde 6 de julho.
Os Estados Unidos, um dos países mediadores do conflito junto com Catar e Egito, têm pressionado para que Israel e Hamas cheguem a um acordo desde o final de maio, quando o presidente Joe Biden revelou detalhes de uma suposta proposta de paz israelense.
No entanto, os esforços internacionais não conseguiram fazer avançar as negociações indiretas.
Em uma ligação com o ministro das Relações Exteriores turco Hakan Fidan na terça-feira, o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, culpou Israel pelo impasse.
"Temos respondido positivamente às propostas apresentadas pelos mediadores, mas a ocupação está evitando o resultado necessário e não quer chegar a um acordo pelo qual tenha que terminar sua guerra", declarou.
- "Faça este acordo se tornar realidade" -
O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.195 pessoas, na maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, de acordo com um levantamento com base em dados oficiais israelenses.
O Exército israelense estima que 116 pessoas permaneçam em cativeiro em Gaza, incluindo 42 que estariam mortas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que resultou na morte de 38.794 pessoas em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.
O governo israelense enfrenta uma crescente pressão em seu próprio país, onde dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas para exigir o retorno dos reféns e acusar Netanyahu de prolongar a guerra.
As famílias de cinco mulheres militares cativas em Gaza suplicaram ao premiê na terça-feira que chegasse a um acordo com o Hamas.
"Senhor primeiro-ministro, te imploramos, te pedimos, por favor, que faça este acordo se tornar realidade", disse Sasha Ariev, irmã de Karina Ariev, uma das militares sequestradas, em uma coletiva de imprensa em Tel Aviv.
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A.Maldonado--TFWP