The Fort Worth Press - Crianças deixam livros de lado para extrair ouro em minas na Venezuela

USD -
AED 3.67298
AFN 66.999977
ALL 92.450265
AMD 386.974854
ANG 1.802123
AOA 912.999863
ARS 1003.008498
AUD 1.549643
AWG 1.8025
AZN 1.700677
BAM 1.857325
BBD 2.01886
BDT 119.48491
BGN 1.852673
BHD 0.37685
BIF 2897.5
BMD 1
BND 1.345641
BOB 6.908832
BRL 5.790203
BSD 0.999886
BTN 84.392794
BWP 13.725155
BYN 3.272208
BYR 19600
BZD 2.01548
CAD 1.40631
CDF 2865.99997
CHF 0.890397
CLF 0.035356
CLP 975.579789
CNY 7.230198
CNH 7.25384
COP 4481.75
CRC 510.721544
CUC 1
CUP 26.5
CVE 104.896392
CZK 24.013202
DJF 177.720137
DKK 7.083085
DOP 60.449755
DZD 133.620161
EGP 49.603301
ERN 15
ETB 121.925034
EUR 0.949625
FJD 2.274977
FKP 0.789317
GBP 0.78953
GEL 2.72498
GGP 0.789317
GHS 16.049729
GIP 0.789317
GMD 70.999748
GNF 8631.000336
GTQ 7.721894
GYD 209.184836
HKD 7.78153
HNL 25.080024
HRK 7.133259
HTG 131.382772
HUF 385.969586
IDR 15976.25
ILS 3.73968
IMP 0.789317
INR 84.47535
IQD 1310.5
IRR 42104.999724
ISK 138.360104
JEP 0.789317
JMD 158.287592
JOD 0.709103
JPY 156.486004
KES 129.503947
KGS 86.376497
KHR 4051.000196
KMF 466.497762
KPW 899.999621
KRW 1406.989823
KWD 0.30742
KYD 0.833207
KZT 495.71708
LAK 21945.000223
LBP 89600.000239
LKR 292.121707
LRD 184.097591
LSL 18.202915
LTL 2.95274
LVL 0.60489
LYD 4.880124
MAD 9.972503
MDL 18.112322
MGA 4659.999675
MKD 58.237769
MMK 3247.960992
MNT 3397.999946
MOP 8.01546
MRU 39.965019
MUR 47.189869
MVR 15.459967
MWK 1734.999743
MXN 20.457901
MYR 4.482995
MZN 63.849588
NAD 18.201551
NGN 1679.960226
NIO 36.759853
NOK 11.143855
NPR 135.033904
NZD 1.71003
OMR 0.385021
PAB 0.999905
PEN 3.804498
PGK 3.94225
PHP 58.935023
PKR 278.09739
PLN 4.105927
PYG 7808.968491
QAR 3.64075
RON 4.7252
RSD 110.633978
RUB 99.579382
RWF 1368
SAR 3.756031
SBD 8.383384
SCR 14.744979
SDG 601.489175
SEK 11.002015
SGD 1.346405
SHP 0.789317
SLE 22.703347
SLL 20969.504736
SOS 571.503975
SRD 35.356502
STD 20697.981008
SVC 8.749122
SYP 2512.529858
SZL 18.197333
THB 35.014026
TJS 10.658475
TMT 3.5
TND 3.151957
TOP 2.342094
TRY 34.421993
TTD 6.789045
TWD 32.577024
TZS 2660.000096
UAH 41.219825
UGX 3669.445974
UYU 42.477826
UZS 12800.000158
VES 45.450172
VND 25400
VUV 118.722009
WST 2.791591
XAF 622.917458
XAG 0.032881
XAU 0.00039
XCD 2.70255
XDR 0.753255
XOF 620.499526
XPF 113.400769
YER 249.85012
ZAR 18.27843
ZMK 9001.2318
ZMW 27.421652
ZWL 321.999592
Crianças deixam livros de lado para extrair ouro em minas na Venezuela
Crianças deixam livros de lado para extrair ouro em minas na Venezuela / foto: © AFP

Crianças deixam livros de lado para extrair ouro em minas na Venezuela

Martín, uma criança de 10 anos que não sabe ler, escava com rapidez, ao lado de seus primos de 9 e 11 anos, uma mina a céu aberto em El Callao, uma cidade venezuelana ensurdecida pelo som dos moinhos que esmagam pedras em busca de ouro.

Tamanho do texto:

Extrair este metal precioso dos assentamentos no estado de Bolívar (sul) começou como um jogo para estas crianças, mas acabou se tornando uma questão de sobrevivência, denunciam ativistas dos direitos humanos.

Em meio à lama, dezenas de crianças utilizam bandejas de madeira entre pedras, vidro e até lixo em busca de pepitas de ouro que se aderem ao mercúrio, substância tóxica para a saúde.

Por seu tamanho, estes meninos entram nos buracos, sem camisa, para buscar o "material", como chamam o metal precioso.

"Quando a terra está como um chiclete, vem o 'material'. Tudo que aparece, colocamos em um saco e lavamos na água. O que for ouro, fica grudado no mercúrio", explica Martín, cuja identidade foi alterada por segurança.

Sob o sol forte e com as costas curvadas pela sacola que carrega, o menino caminha o melhor que pode até outro poço próximo e continua seu "trabalho".

- "As piores condições" -

Martín, que vive em El Perú, uma aldeia em El Callao, nunca foi à escola. Apenas seu primo de 9 nos tem acesso a educação, "porque sua mãe obriga".

"Prefiro tirar ouro a ter que ir à escola. Meu pai disse que o dinheiro está no trabalho", afirma ele, contando que, com o que recebe na mina, consegue comprar sapatos e roupas.

A maioria das crianças afirma que seu "sonho" é se tornar um mineiro.

Carlos Trapani, coordenador-geral da Cecodap, ONG que defende os direitos de crianças e adolescentes, afirma que o trabalho infantil nas minas ocorre sob "as piores condições".

"Eles normalizaram condições em que as crianças estão evidentemente em risco, não só de acidentes, doenças endêmicas, mas também vulneráveis a outros tipos de violência, como a exploração e a agressão sexual", afirmou o autor do relatório que denuncia as vulnerabilidades a que estas crianças e adolescentes estão expostos.

Segundo o núcleo da Universidade Católica privada Andrés Bello (UCAB) nesta região, 1.000 crianças trabalham nas minas.

"É uma questão de sobrevivência (...). O ambiente familiar se concentra não em incentivar os estudos, a profissionalização dos filhos, mas em sobreviver", disse à AFP a coordenadora do Centro de Direitos Humanos da UCAB Guayana, Eumelis Moya.

Ativistas e ambientalistas denunciam um "ecocídio" pela exploração mineira no sul da Venezuela, além da presença de traficantes de drogas, guerrilheiros e paramilitares.

"Fiquei assustado, quando começaram os tiroteios, e houve mortes. Estou trabalhando, e coisas assim acontecem", diz Gustavo, um "trabalhador" de 11 anos.

As autoridades relataram a destruição de uma série de acampamentos ilegais, sobretudo, no Parque Nacional Yapacana, no estado do Amazonas, onde duas pessoas morreram na semana passada em um confronto entre garimpeiros ilegais e o Exército.

- "Migrar para a mina" -

Gustavo varre o chão de uma loja de bebidas em El Perú. Enche três baldes e vai para o rio com os três irmãos, de 8, 11 e 13 anos, para tentar achar ouro.

Como tudo na cidade é pago neste metal precioso, ele espera que os dias de festa tenham deixado resíduos no chão.

"No outro dia, peguei um grama (equivalente a US$ 50, ou R$ 243, na cotação atual), conta ele, que trabalha na mina desde os seis anos e que também não vai à escola.

"Dou esse dinheiro à minha mãe para que compre comida, e algumas vezes ela compra alguma coisa para nós", completa.

Trapani lamenta que "alunos e professores" tenham "migrado para a mina" diante da aguda crise econômica no país.

A pandemia agravou ainda mais este cenário.

A mãe de Gustavo, que tem 28 anos e é mineira desde os 12, explica que foi neste contexto de crise que seus filhos abandonaram a escola.

"Quando começaram as aulas, eles estavam rebeldes, não queriam ir e não foram mais", contou, torcendo para que eles retomem seus estudos.

P.Navarro--TFWP