Júri declara armeira do filme 'Rust' culpada de homicídio culposo
A armeira do filme "Rust", protagonizado por Alec Baldwin, foi declarada culpada de homicídio culposo nesta quarta-feira (6) por um júri do Novo México, nos Estados Unidos, devido a um tiro no set que matou uma pessoa em 2021.
Hannah Gutierrez, que era responsável por supervisionar as armas na produção de faroeste, não expressou emoção quando ouviu o veredicto unânime, ao qual o júri chegou após duas horas de deliberações.
A sentença não deve ser anunciada antes de abril.
Gutierrez, que sempre rechaçou as acusações, pode pegar mais de um ano de prisão.
O julgamento de Gutierrez pelo disparo no set que acabou com a vida da diretora de fotografia Halyna Hutchins durou duas semanas.
Hutchins morreu por consequência de um disparo de um revolver Colt .45 que Baldwin empunhava durante um ensaio em uma igreja do set de gravação no estado do Novo México, no sudoeste dos Estados Unidos. A arma, ao contrário do esperado, tinha uma munição real. O diretor Joel Souza ficou ferido com o mesmo projétil.
O julgamento se centrou em como a bala, uma das várias que os investigadores encontraram, entrou no set, algo estritamente proibido pelas regras de segurança da indústria.
- 'Sem atenção' -
"Este não é um caso em que Hannah Gutierrez cometeu um erro e este erro foi colocar acidentalmente um cartucho carregado nessa pistola", disse a promotora Kari Morrissey ao júri em sua argumentação final nesta quarta.
"Este caso é sobre as constantes e intermináveis falhas que resultaram na morte de um ser humano e quase mataram outro", prosseguiu.
Morrissey disse que, quando Hutchins recebeu o disparo, a armeira, também conhecida como Hannah Gutierrez-Reed, estava, como de costume, descuidada com o seu trabalho de supervisionar as mais de 20 armas utilizadas na produção, e não estava presente quando Baldwin e a equipe se preparavam para uma cena.
"Deixou a arma na igreja, indo contra todas as normas da indústria para os armeiros nos sets de cinema", disse Morrissey.
"Como vocês ouviram de várias testemunhas, ela deixava as armas sem atenção o tempo todo. Não houve nada de excepcional em 21 de outubro", o dia do disparo letal, assegurou.
Gutierrez, segundo Morrissey, era responsável por toda a munição no set e não executou medidas de precaução básica para garantir que a munição inserida nas armas fosse inerte, como sacudi-las para ouvir seu som característico.
"Amigos, se ela não revisava a munição de festim [...] para garantir que essas balas [...] eram de fato de festim, cada vez que um ator empunhava uma arma era uma roleta russa", disse a promotora aos jurados.
- Bode expiatório -
A defesa, liderada por Jason Bowles, disse que Gutierrez era um bode expiatório para uma produção que economizou com segurança por motivos financeiros.
Gutierrez não tinha como saber que havia munição real no set e foi instada a acreditar que os produtores adquiriram balas de festim para o filme, sustentou Bowles.
"A responsabilidade é da produção, como em qualquer organização. Começa no topo", disse. "Os poderosos querem deixar isto para trás e terminar o filme. Fazer dinheiro."
"Eles têm a pessoa adequada para colocar esse peso sentada aqui", continuou.
Gutierrez também enfrentava uma acusação de obstrução de provas devido à suposta tentativa de se desfazer de cocaína após incidente no set, mas o júri a declarou não culpada.
Baldwin, um dos produtores do filme, além de ser o protagonista, também é acusado de homicídio culposo e deve ir a julgamento em julho.
J.M.Ellis--TFWP