Um policial e sete detentos morrem em intervenção em prisão no Paraguai
Um policial e sete detentos morreram durante uma intervenção militar e policial na penitenciária de Tacambú, em Assunção, informaram autoridades paraguaias nesta segunda-feira (18).
Segundo a polícia, a operação, que tinha como objetivo transferir um traficante de drogas que chefiava o presídio, deixou ainda pelo menos 14 agentes e um número indeterminado de detentos feridos a tiros.
"Com firmeza e determinação, realizamos uma operação histórica e sem precedentes com a finalidade de construir um país mais seguro para nossas famílias", declarou o presidente Santiago Peña a respeito da "Operação Veratio", uma ação surpresa que terminou com a captura e a transferência a outra prisão do narcotraficante Javier Rotela, que mantinha um setor do presídio sob seu controle.
O policial morto levou um tiro na cabeça. Outro agente foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva, após ser atingido na têmpora por um disparo, detalhou o chefe da operação, delegado Nimio Cardozo.
"Hoje, o Governo do Paraguai disse basta aos privilégios, à cumplicidade e ao descontrole; mais que nada a um modelo prisional que transformava as prisões em verdadeiras escolas do delito e do crime", destacou Peña.
- Transferência de presos -
Rotela foi capturado no setor conhecido como "La Jungla" (A Selva), inexpugnável sob seu domínio há vários anos, e transferido imediatamente ao presídio militar Viñascué, nos arredores da capital.
Outros 700 detentos, todos sem camisa e algemados, foram embarcados em ônibus do Exército e da Polícia para serem distribuídos provisoriamente em diferentes unidades militares, informou Cardozo.
Atuaram na operação 1.100 militares e 1.118 policiais. Foram apreendidas armas automáticas e inclusive três cães da raça Pitbull.
"Rotela vivia com a mulher, que está grávida. Tinham todos os confortos e administrava um pequeno supermercado com todo tipo de mercadoria. Antes de ser detido, três policiais salvaram sua vida graças ao colete à prova de balas", contou Cardozo.
Rotela, chefe do "Clã Rotela", é acusado de administrar o tráfico nos centros urbanos do Paraguai.
Segundo o criminologista Juan Martens, ele mantém sob seu comando cerca de 7.000 membros em vários presídios do país e disputa com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho pelo controle do crime organizado.
"Estas lideranças se dão porque o ambiente permite que estes clãs operem no sistema penitenciário", disse o especialista à AFP.
O presídio Tacumbú, localizado a cerca de 15 quarteirões do centro de Assunção, registrou vários motins sob a liderança de Rotela. No último deles, em outubro passado, um detento morreu. A prisão abrigava quase 4.000 presos, o dobro de sua capacidade.
Com mais de seis milhões de habitantes, o Paraguai tem uma população carcerária superior a 16.000 pessoas.
S.Palmer--TFWP